Harmonia Funcional III – Condução de Vozes

Olá para todos os entusiastas do blog musical CAVERNADOLENHADOR.

Nesse post, apresentarei e exemplificarei a condução de vozes. O estudo será feito encima da primeira lei tonal, seguindo a ordem do livro de Koellreutter.

PRIMEIRA LEI TONAL

“TODOS OS ACORDES DA ESTRUTURA HARMÔNICA RELACIONAM-SE COM UMA DAS FUNÇÕES PRINCIPAIS: TÔNICA, SUBDOMINANTE, DOMINANTE (T, S, D)”

Condução de vozes: como já explicado na introdução, é a forma de interligar os acordes das progressões harmônicas por melodias individuais. As regras básicas da condução de vozes, como constam no livro Harmonia Funcional:

  1. As vozes devem movimentar-se, de preferência, por graus conjuntos. Em caso de estarem obrigadas a movimentar-se por graus disjuntos, procura-se-á o caminho mais curto para a próxima nota do acorde seguinte.
  2. Quando dois acordes consecutivos, no soprano, contralto ou tenor, tiverem uma ou mais notas em comum, estas, de preferência, deverão ser conservadas na mesma voz, e, se possível, nas partes intermediárias.
  3. Quando dois acordes consecutivos não tiverem notas em comum, as três vozes superiores – soprano contralto e tenor – deverão movimentar-se, na medida do possível, em movimento contrário ao do baixo.
  4. Deve evitar-se o movimento das vozes em uníssono, quintas ou oitavas justas consecutivas; pois, estes intervalos, como parecem se fundir num som só (consonâncias perfeitas), prejudicam  a independência das vozes, condição principal para a tetrafonia. O movimento direto para a oitava deve ser evitado, quando parte de uma sétima ou nona; o movimento para uníssono quando parte de uma segunda.
  5. Deve-se evitar o movimento de todas as quatro vozes na mesma direção.
  6. Deve-se evitar o movimento melódico das vozes e intervalos aumentados e o trítono, em particular, isto é, o movimento melódico do quarto para o sétimo grau, por exemplo, assim como, no baixo, os saltos de sétima e de nona.
  7. A sensível (VIIº grau) deve movimentar-se, de preferência, em direção à tônica (grau conjunto), principalmente nas vozes externas. Nas vozes internas intermediárias, ela poderá movimentar-se, excepcionalmente, por graus disjuntos para a quinta do acorde perfeito da tônica (J. S. Bach).
  8. Deve-se evitar, na medida do possível, o cruzamento das vozes.

Agora, a parte prática. Como transformar todas essas regras em um música?

Vamos harmonizar a três vozes a segunda melodia que foi criada no primeiro post. Já temos os acordes e a linha de soprano, e, primeiramente, não vamos trabalhar com acordes invertidos. Então, também temos a linha de baixo pronta. O único trabalho será criar o tenor.

Com o baixo, ficará:

Agora que teremos outras vozes, as hastes deverão ser o indicador de que voz é qual. Por isso, a voz mais aguda da clave deverá ter as hastes voltadas para cima enquanto a outra para baixo.

Agora, basta preencher o acorde com a voz de tenor, obedecendo as regras de condução e atendendo as exigências da criação melódica.

Normalmente, a linha de tenor e contralto vão ser bem simples de escrever e executar, como visto nesse exemplo. O resultado sonoro pode ser conferido no link abaixo. Já que não achei nenhum site que hospede midi, terá que ser baixado como arquivo. No próximo post, vamos expandir a condução para quatro vozes.

conduçao

Série Harmonia Funcional da CAVERNADOLENHADOR:

Introdução a Harmonia Funcional

Harmonia Funcional I – Horizontalidade das Vozes

Harmonia Funcional II – Verticalidade das Vozes

Harmonia Funcional III – Condução de Vozes

Harmonia Funcional II – Verticalidade das Vozes

Olá para todos os entusiastas do blog musical CAVERNADOLENHADOR.

Nesse post, inciarei o estudo do livro HARMONIA FUNCIONAL, de Hans-Joachim Koellreutter. Antes dos exercícios práticos, temos alguns tópicos a serem discutidos:

  • Extensão de vozes: A escrita deve ser realizada dentro dos limites internos, tendo como objetivo uma leitura e execução fáceis, visto que os externos são extensões de profissionais.

  • Dobramentos: Frequentemente, somos forçados a dobrar (mesma nota [nem sempre da mesma oitava] em duas vozes) uma nota do acorde. Nesse caso, deve-se preferir dobrar a fundamental. A quinta também é uma alternativa, mas é raro dobrar-se terças. A quinta do acorde também pode ser omitida.
  • Cruzamento de vozes: Por enquanto, deve-se evitar que o baixo soe mais alto que o tenor, o tenor que o contralto e o contralto que o soprano.
    Esse conceito é aplicado verticalmente, não horizontalmente. Quer dizer que, no mesmo acorde, a altura das vozes não violará a relação soprano-contralto-tenor-baixo.
  • Distância das vozes:  As relações entre |tenor + contralto| e  |contralto + soprano| não deve exceder uma oitava. Entre o baixo e tenor, não há restrições de oitava.
    Isso quer dizer que, se é usado um Dó 3 no tenor, o contralto não deve ultrapassar Dó 4. Se a escolha for um Sol 3, o soprano se limitará ao Sol 4. O Baixo poderá estar cantando um Sol 1 sem problemas.
  • Posição dos acordes: É possível posicionar um acorde de várias formas diferentes:

  • Movimento das vozes: Alguns tipos de movimento são proscritos na condução de vozes. É importante reconhece-los e evita-los, pois prejudicam a independência das vozes. Estes serão discutidos na primeira lei tonal, mas é importante já conhecer o movimento de vozes.

Série Harmonia Funcional da CAVERNADOLENHADOR:

Introdução a Harmonia Funcional

Harmonia Funcional I – Horizontalidade das Vozes

Harmonia Funcional II – Verticalidade das Vozes

Harmonia Funcional III – Condução de Vozes